quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Escusa e confissão à Carolina

Por vezes erro e magoo
Esbravejo, perco o decoro
E vou ferindo quem já não está hígido.
Muitas feitas minhas são impensáveis
Geralmente, injustificáveis,
Melhor calar, que agir.

Sim, sou humano e falho
Mas não justifica meu enxovalho
Com aqueles que me querem bem.
Pelas pessoas tenho ostentação
Mas minha real exaltação
É por quem este poema compõe.

Tachem-me egoísta, narcista
E todos os demais “istas”
Não mudo.
Ou mudo, depende.
Nada mais me surpreende
Creio que nesta vida, vi demais.

E por isso, formalmente
Venho – buscando ser eloquente
Desculpar-me de quem magoei.
Desculpe-me, pessoa amada
Se em nossa unida estrada
Já lhe fiz chorar vez ou outra.

Desculpe se minha atenção
Que jamais atingirá a perfeição
Por vezes lhe pareceu parca.
Desculpe se meu abraço já foi frio
Se pareceu que abraçavas o vazio
Se pareceu que eu não lhe amava.

Mas eu garanto, com certeza
Faz algum tempo, minha princesa
Que lhe cultivo amor febril.
Que sua falta me machuca
E fico inventando desculpas
Pra lhe ver um bocadinho, outra vez.

Se lhe juro inconsequente
Amor pulsante, “pra sempre”
É porque sinto em mim
O coração descompassado
O juízo desenfreado
E a necessidade de lhe amar.

Por tudo isso, minha linda
Faltaram-me palavras ainda
Pra expressar o meu afeto.
O amor que sinto por ti
Que outrora talvez senti
É só teu,
sempre doce, alegre e instigante,
Carolina.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Breu

Nuvens negras se aproximam
Equivalem-se à minh'alma
Pensamentos me dilaceram
Roubam toda minha calma.

Espero o breu chegar depressa
Pra que tudo fique no horror
Pra que a imensidão celeste
Roube de minha vida funesta cor.

Chove chuva refrescante
E me lave por inteiro
Que sua força fustigante
Destrua meu desespero.

E leve parte de mim
A que ainda insiste no mal
E que eu me torne, finalmente
Um reles sujeito normal.

Sufoco

Sinto medo.
Olho para todos os lados e averiguo se alguém me observa.
Sinto dor.
O peito aperta, o estômago dói.
Sofro.
Os ouvidos captam um som agradável outrora
(há algumas horas)
E os olhos teimosos choram
Estou confuso.
Já não sei do futuro
Pesquiso o passado, buscando respostas
E deixo de viver o presente.
Vegeto.
Não corro, não mato, não morro.
Parafraseio.
Tenho que dormir pra não chorar.
E espero.
Uma ansiedade atroz e cruel, que me corrói aos poucos.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Extrato da agrura

E se nossas escolhas pessoais magoarem as pessoas que mais amamos?
E se o que for bom pra mim não for aprazível a outrem?

"Tudo é relativo" já afirmava sabiamente Albert Einstein.
Por vezes almejo coisas que me parecem agradáveis, que fazem despontar no meu âmago aquele velho rebelde. Algumas dessas vezes o faço por birra, mo parece. Outras, nem tanto, ou, quiçá, nem haja tal intencionalidade, mas o fato é que aquele sentimento de busca pela liberdade (e sentindo-a por instantes) me faz um bem tremendo. É vigorante. É como fazer sexo: estimulante e relaxante simultaneamente. Essa minha prática comum (não intencional, muitas vezes) de ir contra padrões sociais assusta as pessoas.

Fui criado para ser um bom rapaz, ajuizado, coerente e racional, mas houve um erro fatal: racionalizei-me demais, perdi o juízo, a coerência e me pus em batalha (talvez batalhas) a despeito d’algumas regras.
É um preço a se pagar propiciar o conhecimento a alguém. Maior ainda é o preço por favorecer que este conhecimento desenvolva-se. Claro, ninguém espera uma sublevação de sua criatura, ainda mais uma oposição ferrenha às regras que regeram a sociedade desde os primórdios. (Sim. Eu sei que não é desde os primórdios, mas, enfim, parece ser este o pensamento de alguns por aí).

Aqui surgiu-me um paradoxo: ser eu mesmo e viver constantemente em conflito ou me deixar ser uma marionete social. Nem um, nem outro.
Decidi que meu modus vivendi seria um meio termo: ser eu mesmo, mas adaptar-me ao modo social de viver e de agir (ambas as coisas parcialmente). Destarte consigo viver de forma razoavelmente feliz. Uso este advérbio de intensidade para exprimir que há oscilações. Explico-me:

Ainda outro dia quando o conúbio estava em pauta com alguns congêneres meus, percebi que falta maturidade a alguns deles (para não singularizar) de forma que possam perceber que os tempos mudam, que a própria sociedade sofre alterações e que o que foi correto e importante outrora pode não mais ser agora. Não sei... pode ser que devida minha fácil adaptabilidade não me apego tanto a crenças e tradições.
Gosto do novo, me atrai, me conforta, me anima.

Desta forma defendo meu direito de celebrar um evento social, que considero importante, como é o himeneu sem necessitar para isso de nenhum cunho sacrossanto.
Entendo, é claro, que a maioria das pessoas não compreendem que tudo é volúvel, inclusive a mais forte das práticas sociais. Não obstante  o que almejo com este breve esclarecimento é que as pessoas entendam que se algo me faz feliz (mesmo que vá contra as tradições) e se as principais pessoas envolvidas nisso estão de acordo, pouco me importa se há discrepâncias, sigo até o fim. De forma bem niilista, cito Nietzche: "é preciso ser superior à humanidade em força, em grandeza de alma - e em desprezo". Consubstanciando: é preciso ser feliz acima de tudo.

Azul

O tornar-me adulto
Parece mais próximo agora:
Venho perdendo manias parvas
E as trocando por escolhas oportunas.

O coração agora palpitante;
outrora exitante;
Sente falta de algo que é,
Não do que não foi ou do que será.

E o rosto já não esconde angústia alguma;
absolutamente.
Agora o sorriso é presença constante
Nos meus lábios insistentes.

Os pés, cansados antigamente,
renovaram suas energias, tal qual o ano que se inicia.
As mãos que tanta labuta tiveram,
Começam a colher os frutos (deliciosos por sinal) de seu suor.

As narinas sentem o ar, antes putrefato,
Mais límpido e menos nocivo.
A água, que já afogou minha garganta,
Hoje somente refresca e sacia.

A mente... Ah! minha mente!
Segue em turbilhões.
Porém agora clara como a luz, branda como a brisa
e com mil quilojoules de força a mais.
Evoluindo...

domingo, 22 de abril de 2012

Sobre o direito de exprimir

(2010) Se manifestações orais são censuradas, reservo-me o direito de ficar calado e só manifestar-me graficamente. Se lhe doem minhas palavras, não mais submeterei seu ego inflado a dores molestáveis. Se minhas atitudes lhe magoam, paupérrimo ser, se já não fica à vontade próximo a mim, me afasto e, desta forma evito que minhas palavras ácidas – outrora benévolas – recalquem sequer uma ínfima parte do teu ser. Apesar de que agora em teu inconsciente, minha retórica anterior – causadora de nossa mágoa – ficará cravada como espinho na pele, que não mata, porém causa ampla dor em teu “tão frágil” ser. Concluindo, oh! inafável ser, embora não pareça, também amo, também odeio, também sinto. E sentindo, sinto que tenha de ser assim o fim do começo, quiça, o começo do fim. Minhas emoções são facilmente superadas por mim, portanto, embora magoado, brevemente estará superado. E o que eu tentei chamar de amizade, será agora indiferença.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Formação e ascenção escolar - parte III


Em seu terceiro ano, já totalmente envolto na vida discente do formar-se docente, entrou para a comissão de formatura da sua sala. Embora soubesse que seria uma árdua tarefa, sentiu-se embevecido pelo novo desafio e encarou-o.
Neste período já era de fato um dos melhores alunos do seu turno e dedicava boa parte de seu tempo à leitura de livros. Lia-os de qualquer gênero, tamanha sua voracidade pela leitura, Chegou ao cúmulo de ler três livros por vez. De fato, devido à tamanha leitura, seus conhecimentos em língua portuguesa eram invejáveis aos outros alunos. Foi nesta época que conheceu Operação Cavalo de Tróia de J.J. Benítez, que o fez mudar sua visão sobre Jesus e seu martírio. Isto o afastou mais da igreja, obstante avivou-lhe a fé de um modo retumbante.
Foi nesse ano que se entrosou de fato com todos os alunos de sua classe. Começaria então, a partir daí, uma amizade indissolúvel (até mesmo pelo tempo) com os outros homens de sua sala (aqueles mesmos que queriam sovar-lhe).
Embora estive quase no ápice de sua vida escolar, seu estágio prático teve de ser refeito devido à má preparação dos planos de aula por ele e sua colega. Porém, em sua segunda chance (dada de modo inédito pela professora), consegui executá-lo plausivelmente (sinônimo de razoável mesmo). Terminou assim seu penúltimo ano da formação sem saber que o melhor estava por vir... E o pior viria em seguida...